domingo, 29 de janeiro de 2012

Rômulo Arantes Neto evita o clichê de filho ingrato em "Vidas em Jogo"

Gabriel Sobreira
PopTevê

O ofício de ator implica em algumas responsabilidades. Uma delas é tornar a encenação a mais verdadeira possível. Essa sina é perseguida pela maioria como uma meta. Para deixar as sequências bem naturais, alguns artistas não se incomodam em eventuais "sacrifícios" em nome da arte. Como, se necessário, dispensar dublê em cenas mais complexas. Esse é o caso de Rômulo Arantes Neto, o Raimundo de "Vidas em Jogo", da Record. "O Raimundo está apanhando de cinco ou seis personagens agora. Não estou brincando. Fizemos três cenas de pancadarias. Duas foram para valer e a outra foi quase. A Denise Del Vecchio me acertou um tapa em cheio. Foram três tapões na cara, sendo um no ensaio e dois na gravação. Tapão mesmo, daquele de mão cheia, de sentir pesando", detalha, em tom de orgulho. As cenas de sopapos que o ator se refere dizem respeito à recente fase do seu personagem que, após descobrir que a mãe é na realidade o seu pai - um transexual -, vive às turras com vários tipos da trama de Cristianne Fridman.

Mas não é apenas de pancada que é feita a trama do personagem de Rômulo. Um dos momentos altos de sua história foi a cena em que lhe foi revelado o segredo da transexualidade do pai, que fingia ser mãe. A sequência extremamente dramática foi gravada em parceria com Denise Del Vecchio e Beth Goulart, que vivem a mãe/pai Augusta/Augusto e Regina, respectivamente. "O mais complicado é que você chega nesse estado de emoção, mas precisa parar para ajustar pequenos detalhes", explica.

A carreira de Rômulo na tevê é praticamente recente. Em 2007, ele estreou em "Malhação", da Globo. Depois fez a trilogia da novela "Mutantes", na Record. Após isso, veio uma participação em "Bela, A Feia" e agora a novela das 22 horas. "Já fiz muito menininho, garotão de 20 anos de idade com o cabelinho arrumadinho, bacaninha e com problemas pessoais", avalia. Rômulo entende que precisa quebrar esse estereótipo de galã. Para isso, ele busca composições que exijam bem mais que o trivial. Como o papel de um esquizofrênico, um bandido, ou que raspe a cabeça, que pinte o cabelo ou ainda que seja um morador de morro. Ele quer se arriscar mais cenicamente.

Antes de ser ator, Rômulo fazia expediente como modelo, profissão que concilia até hoje com a carreira na tevê. Dentre as grifes que já trabalhou estão Adidas e Louis Vuitton, na qual fez uma campanha mundial. "E quatro campanhas mundiais da Just Cavalli, que não me pagaram duas delas. Falaram que seria catálogo e foi campanha mundial", lembra, entre risos. Ainda que fosse acostumado com os flashes do mundo da Moda, o assédio do público de tevê é diferente. Para Rômulo, essa parte da fama foi o mais esquisito no começo da carreira de ator. "Eu realmente não soube lidar bem com a fama em relação ao comportamento fora da tevê. Tive alguns problemas, mas com essas coisas aprendi a me comportar e a ser uma pessoa reconhecida e pública", acredita.

Rômulo é do tipo de ator que gosta de repetir as cenas quantas vezes for necessário. O que importa é que o resultado final seja satisfatório. Para ele, essa é uma de suas marcas registradas. "Tenho feito ótimos trabalhos e conseguido ganhar respeito pelo que faço e pela minha qualidade de interpretação", gaba-se. "Mas ainda tenho muito a aprender", pondera.

Por ser filho do nadador e ator Rômulo Arantes - falecido em 2000 -, Rômulo se cobra bastante. Mas garante não se martirizar. "Eu me exijo muito. Ainda mais pelo fato do meu pai ter tido uma história muito bacana. Obviamente eu tenho um comprometimento em ser bem- sucedido no que eu faço".

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